O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PEDAGOGIA: FORMAÇÃO DOCENTE COM OS POVOS INDÍGENAS E RIBEIRINHOS

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O Estágio Supervisionado Obrigatório é um dos pilares da formação docente nos cursos de licenciatura, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996). Ele é regulamentado ainda pela Resolução CNE/CP nº 2/2015, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior de profissionais do magistério da educação básica.

Para estudantes indígenas e ribeirinhos do curso de Pedagogia, o estágio representa muito mais do que uma exigência curricular: é um espaço de articulação entre os saberes acadêmicos e os saberes tradicionais, entre a teoria e a prática vivida no chão da escola e da comunidade.

Mais do que uma etapa acadêmica, o estágio é um território de trocas, aprendizagens e afirmação de identidades.

O que é o Estágio Supervisionado?

O estágio supervisionado é uma atividade prática realizada de forma sistemática e orientada, com carga horária mínima de 400 horas, conforme determina a LDB. Ele deve acontecer ao longo do curso, em diferentes etapas da Educação Básica.

No contexto da Educação Escolar Indígena e da Educação do Campo, o estágio precisa respeitar os princípios da interculturalidade, bilinguismo, especificidade e autonomia dos povos tradicionais, conforme previsto:

  • Na Constituição Federal (Art. 231), que reconhece a organização social, costumes, línguas e tradições dos povos indígenas;
  • No Parecer CNE/CEB nº 14/1999 e na Resolução CNE/CEB nº 3/1999, que definem as Diretrizes para a Educação Escolar Indígena;
  • E na Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que orienta a Educação do Campo.
  • E na própria BNCC (2017), que afirma o compromisso com a equidade, a justiça social e a valorização da diversidade como pilares da educação básica.

Por que é tão importante?

  • Fortalece a identidade do educador indígena e ribeirinho, com respeito à cultura e às práticas educativas locais;
  • Permite a articulação entre saberes tradicionais e conhecimentos sistematizados;
  • Estimula a construção de currículos contextualizados;
  • Contribui para o protagonismo do estudante como agente de transformação social (FREIRE, 1996);
  • Reafirma a importância de uma formação docente situada (ARROYO, 2007);
  • Atende à Competência Geral 9 da BNCC, que propõe “exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos.”

Onde acontece?

O estágio pode ser realizado em escolas indígenas, escolas localizadas em comunidades ribeirinhas ou do campo, bem como em espaços educativos comunitários. A escolha dos locais deve considerar:

  • A realidade sociocultural dos estudantes;
  • A possibilidade de atuação crítica e propositiva do licenciando;
  • A orientação pedagógica institucional, respeitando os princípios das Diretrizes Nacionais para a Educação Escolar Indígena, da Educação do Campo e as diretrizes formativas da BNCC.

Um exemplo de dedicação e sucesso

Destacamos com orgulho o aluno Ronaldo Gaspar Doroteio, que vem realizando seu Estágio Supervisionado com êxito, demonstrando profundo compromisso com a educação da sua comunidade. Sua atuação ética, reflexiva e culturalmente sensível representa o verdadeiro espírito da formação docente voltada à valorização dos territórios tradicionais.

Um compromisso coletivo

A construção de uma prática de estágio significativa envolve o diálogo entre universidade, comunidade, professores orientadores e gestores escolares. É um exercício de escuta, respeito e valorização da diversidade cultural e territorial.

O Estágio Supervisionado no curso de Pedagogia para povos indígenas e ribeirinhos é um ato político e pedagógico. É nele que o futuro professor vivencia o cotidiano escolar das suas comunidades, reconhece sua identidade como educador e contribui para a construção de uma escola democrática, crítica e transformadora.

Como nos lembra Paulo Freire, “‘a educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.“‘ E nesse processo, o estágio supervisionado é uma das chaves dessa transformação.

About Post Author

Erika Rios

Erika Carolina dos Santos Vieira Rios é mestre em Engenharia Ambiental pela UFES, com formação em Engenharia Agronômica, Pedagogia e Licenciatura em Química. Também possui pós-graduação em Gestão e Educação Ambiental. Atua como professora e coordenadora acadêmica em instituições de ensino superior, com experiência em cursos de graduação, pós-graduação e na produção de conteúdos educacionais nas áreas de Ciências da Natureza, Educação e Gestão Ambiental. Desde 2003, atua como professora de Química na rede estadual de ensino do Espírito Santo e, desde 2023, é coordenadora da área de Ciências da Natureza e Matemática na SEDU. Também coordena o polo online/presencial do Pré-Enem Digital SEDU na EEEM Prof. Renato José da Costa Pacheco. Sua trajetória inclui ainda experiências em cursos técnicos, tutoria em EAD e pesquisa em saneamento ambiental pela UFES. Possui domínio avançado de ferramentas educacionais digitais e metodologias de ensino.
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