No contexto educacional atual, cresce a necessidade de práticas pedagógicas que atendam à diversidade dos estudantes, especialmente aqueles com Transtornos do Neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma abordagem que tem se mostrado eficaz nesse cenário é a ABA – Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis).
A ABA é uma ciência baseada em evidências, que estuda o comportamento humano e propõe estratégias para aumentar comportamentos adaptativos e reduzir comportamentos prejudiciais à aprendizagem e à convivência. No ambiente escolar, sua aplicação tem contribuído para promover o desenvolvimento acadêmico, social e comunicativo de muitos alunos.
O que é ABA e por que aplicá-la na escola?

A ABA se apoia na observação sistemática, coleta de dados e intervenção planejada. Ela busca compreender por que um comportamento ocorre e como ele pode ser modificado através de reforços positivos, ensino estruturado e generalização das habilidades adquiridas.
Embora seja amplamente conhecida no atendimento clínico de crianças com TEA, a ABA também se adapta ao ambiente escolar, colaborando com professores e demais profissionais da educação na construção de estratégias eficazes para a inclusão e aprendizagem.
Estratégias práticas de intervenção baseadas na ABA
1.Reforço positivo
Reforçar comportamentos adequados (como concluir uma atividade ou seguir instruções) aumenta a probabilidade de que eles se repitam. O reforço pode ser social (elogios), tangível (adesivos, brinquedos) ou baseado em atividades (tempo livre, jogos).
2. Modelagem
Quando o aluno ainda não domina completamente uma habilidade, reforçam-se aproximações sucessivas até que o comportamento-alvo seja alcançado. Por exemplo, para ensinar a pedir ajuda, pode-se inicialmente reforçar gestos e, progressivamente, a fala.
3. Encadeamento
Utilizado para ensinar tarefas complexas, dividindo-as em pequenas etapas. Por exemplo, ao ensinar a copiar um texto, o professor pode trabalhar uma etapa por vez: pegar o lápis, localizar o ponto inicial, copiar a primeira palavra, e assim por diante.
4. Análise funcional do comportamento
Investiga as funções de comportamentos desafiadores (como fugir de atividades, buscar atenção, ou obter algo). Entendendo a causa, a equipe pedagógica pode planejar respostas mais adequadas e ensinar comportamentos alternativos.
5. Treinamento em habilidades sociais
Por meio de jogos, histórias sociais e dramatizações, os alunos aprendem a interagir, esperar sua vez, compartilhar e lidar com frustrações. Essas habilidades são essenciais para a convivência e o sucesso escolar.
6. Uso de rotinas visuais
Quadros de rotina e instruções visuais ajudam alunos com dificuldades de comunicação ou atenção a se organizarem melhor e compreenderem o que se espera deles ao longo do dia.
7. Generalização
Ensinar habilidades de forma que o aluno consiga aplicá-las em diferentes contextos, com diferentes pessoas e materiais. Por exemplo, se aprendeu a contar com blocos, deve também conseguir contar objetos reais ou imagens.
O papel do professor e da equipe pedagógica
A implementação de estratégias baseadas na ABA requer planejamento e colaboração. O professor não precisa ser um analista do comportamento, mas pode atuar com suporte de profissionais especializados, como psicólogos ou terapeutas ABA, além da coordenação pedagógica. A formação continuada, a escuta ativa dos alunos e a parceria com as famílias também são pilares fundamentais nesse processo.
Adotar intervenções escolares baseadas na ABA é investir em uma prática pedagógica inclusiva, responsiva e fundamentada em evidências. Ao compreender os comportamentos dos alunos e intervir de maneira positiva e planejada, a escola se transforma em um espaço mais acessível e eficaz para todos.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre as estratégias práticas de intervenção escolar baseadas na ABA, recomendamos assistir ao seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=m_ayIzS61-s